Salvem O Museu dos Coches Petição

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Petição: Salvem os Museus Nacionais dos Coches e de Arqueologia e o Monumento da Cordoaria Nacional!

domingo, 25 de novembro de 2007

A lição do 25 de Novembro de 1975

Na foto: o Coronel Jaime neves - Comerora-se este fim de semana, o 25 de Novembro. Foi graças ao que aconteceu nessa jornada já remota de 1975 que Portugal pôde consolidar-se como democracia representativa de modelo europeu ocidental, enquanto se ia gradualmente esbatendo a fórmula deprimente do "manicómio em autogestão" para que tínhamos resvalado e que nos caracterizava cá dentro e lá fora. Se o 25 de Abril de 1974 teve o seu "dia seguinte", isto é, o momento a partir do qual começaram a mobilizar-se muitos cidadãos que não queriam que Portugal, após a revolução da véspera, se transformasse numa "democracia popular" de inspiração soviética, o 25 de Novembro pôs termo à escalada revolucionária a que se vinha assistindo desde o 11 de Março e que se intensificara ao longo do Verão Quente de 1975 (...). Tinha havido muitos sobressaltos pós-revolucionários queda de Palma Carlos, 28 de Setembro, queda de Spínola, prisões de empresários, questão da unicidade sindical, inviabilização do plano Melo Antunes, ataque ao congresso do CDS no Porto, discursos de Vasco Gonçalves em Almada e no Sabugo, 11 de Março, IV Governo Provisório, Verão Quente, V Governo Provisório e sua queda estrepitosa, VI Governo Provisório, a crescente insustentabilidade da situação (...). O 25 de Novembro deve-se à visão esclarecida e ao trabalho inteligente que um núcleo de oficiais, depois conhecido como Grupo dos Nove, começou a desenvolver a seguir ao 11 de Março. Os seus membros propuseram-se conter a deriva totalitária que se prenunciava, delinearam uma estratégia e uma táctica, foram capazes de se organizar conspirativamente, de planificar a sua acção, de implantar e estruturar os seus apoios, de coordenar as movimentações respectivas, enfim, de levar Costa Gomes a delegar em Ramalho Eanes o comando das operações. Outros, com destaque para Jaime Neves, Vasco Lourenço e Melo Antunes, ajudaram a resolver a questão. Portugal encontrava-se à beira da guerra civil e não se sabe que banho de sangue nos estaria reservado (...). A sociedade civil colaborou em ligação estreita com os partidos moderados, PS, PSD e CDS, a despeito do meio adverso, de uma comunicação social controlada em grande parte pelo PCP, da desorientação geral, da desinformação orientada, das intimidações de uma tropa-fandanga que chegou a andar mascarada nas ruas e que dava pelo nome de SUV ("soldados unidos vencerão") e a que Sá Carneiro, em discursos de comício, chamava os "suv...iéticos". A sociedade civil teve um papel muito importante na mentalização de que era preciso pôr cobro ao delírio revolucionário, nos comícios e tomadas de posição que organizou, na maneira como os dirigentes partidários criaram o impasse que ficou conhecido como a "greve do Governo" e na maneira como soube, depois, agarrar a oportunidade que se lhe abria para trazer o país à normalidade constitucional e política. Mas, sem a acção do Grupo dos Nove, no interior das Forças Armadas e aproveitando habilmente as cisões internas do MFA, a democracia não teria sido possível. Foi. Uma década mais tarde, entrávamos na Europa. É deplorável que Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã, candidatos presidenciais que tanto e tão desastradamente apelam à memória dos portugueses, se esqueçam das terríveis perturbações que tanto o PCP como a extrema-esquerda provocaram nesse período, em nome das ideologias caducas que continuam a defender. Com isso só mostram que não aprenderam nada.
Excertos de "A lição do 25 de Novembro" por V. Graça Moura ao DN

-E por concordar-mos publicámos. O autor do blog.

Na foto ao lado o episódio simbólico da mudança na correlação de forças, nesse período que durou de 24 a 28 de Novembro, é quase anedótico. No dia 25, o (então) capitão Duran Clemente - segundo-comandante da Escola Prática de Administração Militar, que tinha ocupado a RTP - falava em directo na televisão, explicando as teses da facção mais esquerdista. De súbito, começa a dizer que lhe estão a fazer sinais, pois parece que há problemas técnicos, anunciando que voltará ao ar quando tudo estiver resolvido. Entretanto, a imagem do oficial fardado é substituída pela de Danny Kaye, no filme O Bobo da Corte. (Sugestivo).

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