Salvem O Museu dos Coches Petição

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Petição: Salvem os Museus Nacionais dos Coches e de Arqueologia e o Monumento da Cordoaria Nacional!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Assim começaram os engarrafamentos e as discussões de trânsito.

“ANO DE 1686. SUA MAJESTADA ORDENA QUE OS COCHES, SEGES E LITEIRAS, QUE VIEREM DA PORTARIA DE SÃO SALVADOR, RECUEM PARA A MESMA PARTE”

Jornal ionline por António Mendes Nunes, Publicado em 13 de Maio de 2009

Na Lisboa de há 300 anos o trânsito era mais caótico e perigoso que hoje. Matava-se por questões de prioridade e as multas eram pesadas.

Durante séculos, o povo deslocou-se a pé e os nobres a cavalo. As ruas da capital eram estreitas, sujas, malcheirosas e lamacentas. Tanto que os de maiores posses preferiam a água à terra e iam do Terreiro do Paço a Belém de barco. Mas a vida ia-se fazendo.

Em 1581 deu-se o "desastre". Filipe II de Espanha veio a Portugal e trouxe um coche, coisa nunca vista: uma caixa de madeira fechada, bastante desconfortável, em cima de quatro rodas, puxada por meia dúzia de cavalos. A novidade fez escola e não houve nobre endinheirado que não quisesse ter um.

Nas apertadas vielas era costume recuar o coche do proprietário com menor posição social, mas quando se encontravam dois iguais era frequente chegarem a puxar da espada. Houve muito sangue derramado nestas discussões, até que D. Pedro II, em 1686, mandou elaborar as primeiras leis, afinal o primeiro código da estrada, colocar os primeiros sinais de trânsito em Lisboa e também alguns "polícias sinaleiros", chamados "práticos". As penas para quem não cumprisse esse código eram pesadas: degredo para o Brasil e 2 mil cruzados de multa. Na parede do prédio n.o 26 do Beco do Salvador, em Alfama, ainda está a lápide com a inscrição do direito de prioridade. Afinal o primeiro sinal de trânsito que existiu em Lisboa e em Portugal.

9 comentários:

Daniel C.da Silva disse...

está divino :)=

com senso disse...

O transito como uma das nossas calamidades históricas! Um país historicamente caótico!
Perfeito!

João Roque disse...

Que coisa mais interessante...
Obrigado pela partilha.
Abraço.

Rabisco disse...

Curioso e super interessante...
Já não é a primeira vez que fico surpreendido com as "coisas" que aqui aprendi!

Na próxima vez que for a Alfama vou procurar essa placa...

Nunca pensei que ainda no tempo dos coches isso fosse já contemplado!

Parabéns pelo texto!

Abraço

Lesma Morta disse...

Obrigado

Raul Nobre disse...

Esta fotografia despertou a minha atenção, pois recordo-me de ver aquela pedra incrustada na parede da Beco do Salvador. Mas creio que já lá não está, desde que, há cerca de uns dois anos, fizeram as obras de manutenção do Arco que liga o Convento ao muro da Cerca. Oxalá eu me engane. Amanhã (hoje) irei verificar. Existiram em Lisboa 24 destes letreiros que foram desaparecendo. Só resta (ou restava)aquele.
Já agora, quem não conheça que não deixe de visitar o Convento do Salvador (hoje Centro Cultural Dr. Magalhães de Lima) e aproveite para se tornar sócio da colectividade (1 euro por mês...).Pelo menos pode tomar um café no bar e admirar as belíssimas madeiras do Côro. É ali, na nave central do que foi a igreja, que se fazem os ensaios da Marcha de Alfama. Na capela-mor ainda se encontram os túmulos.É impressionante a quantidade de taças e medalhas ganhas pela colectividade nos mais diversos eventos. TAMBÉM É IMPRESSIONANTE a degradação a que a Câmara tem votado o edifício que se vai aguentando à custa da boa vontade dos moradores do bairro cujos rendimentos mensais, na generalidade, não chegam aos 5.ooo Euros, mas que com muita ginástica vai dando para comer (boa piada...sem graça nenhuma...)

Lesma Morta disse...

Caro Raul

Conheço de facto o convento. è lamentável o estado a que se deixa chegar o nosso património. Por acaso não tem fotos recentes do interior para dar inicio a uma nova batalha?

Raul Nobre disse...

Sempre é verdade. A placa já lá não está.É na Rua do Salvador e não no Beco do Salvador. Perguntei na Colectividade, mas ninguém me soube dizer o que possa ter acontecido. Antes de "rebocarem" o muro recordo-me de ver a placa. Será que colocaram o reboco por cima? Terá ido para um museu? Vou tentar saber. A reparação foi efectuada há menos de três anos, mas o reboco está a caír em grande extensão, como se aquela argamassa não tivesse aderido à estrutura subjacente.
Caro Jorge: Em relação ao Convento, tenho fotografias que vou procurar no fim de semana. Há pouco, quando lá estive, ouvi comentários deste teor - "Eles querem ver se isto arde tudo, para depois demolirem e fazerem um hotel". Pergunto eu, será um hotei ou um parque de estacionamento. Voltarei a este assunto

Anónimo disse...

Interessante o fato de, naquela época a penalidade ser a deportação para o Brasil. Já naquela época mandavam para cá só o pior mesmo. Por estas e outras é que este pais é o que é hoje. Lamento o fato dos holandeses não terem tido colhões para expulsar os portugueses daqui. Mauricio de Nassau era um fanfarrão que não tinha pulso firme. Talvez se os holandeses tivesses subjugado os portugueses as coisas no Brasil seriam melhores. Não teriamos este idioma cheio de regras gramaticais complexas e os destinos teriam sido outros, pois a verdade é que os portugueses só queriam ouro, impostos e um lugar para mandar os indesejados.
Bem feito que apanharam feio dos moçambicanos e tiveram que sair de lá correndo em 1975.
O Brasil era, é e sempre será uma grandessissima porcaria graças a nossos colonizadores incompetentes.