Descoberta da escadaria junto ao torreão poente
Esta semana depois de ter tido conhecimento do achado arqueológico, Elísio Summavielle responsável pelo IGESPAR desceu até à margem do Tejo acompanhado por arqueólogos, para perceber até que ponto a pressa da empreitada que está a fazer as obras de saneamento não tinha danificado irreversivelmente vestígios ali encontrados.
"Suspirámos de alívio", descreve o responsável pela arqueologia náutica e subaquática do instituto, Francisco Alves. "Apesar de terem avançado com as máquinas sobre os vestígios sem autorização da tutela, estes já haviam sido registados [por desenho e fotografia] pelos arqueólogos que acompanham a obra". Além disso, continuava de pé uma escadaria em pedra, velha de vários séculos, que apareceu defronte do torreão poente da Praça do Comércio. Um poderoso anel metálico cravado a meio dos degraus atesta uma das suas funções - a amarração de barcos.
Depois de verem afluir ao local de cada vez mais arqueólogos entusiasmados, com máquinas fotográficas, os operários agiram: na quinta-feira cerca das 21h00 arrasaram tudo, ainda sem terem licença do Igespar para o fazer. Contido nas palavras, Elísio Summavielle fala em "precipitação" do empreiteiro. O PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar a empresa em causa, a Teixeira Duarte."Antes de haver autorização do instituto, não pode haver desmontagem e já chamei a atenção para esse facto, Felizmente não houve danos para o património", refere o mesmo responsável. Os arqueólogos chamam desmontagem à destruição de um vestígio quando ela é precedida do seu registo fotográfico ou desenhado. Summavielle e a sua equipa estiveram com o dono da obra, a empresa intermunicipal Simtejo, para que episódios como este, puníveis por lei, não se repitam. Para terça-feira está agendada uma reunião entre responsáveis da autarquia, do Igespar e das empresas envolvidas nas obras em curso na zona. Em cima da mesa estarão não só as questões relacionadas com a arqueologia como as dos prazos: o presidente da câmara, António Costa, prometeu que os transtornos que os trabalhos estão a criar aos automobilistas durariam quatro meses, mas a necessidade de alterar alguns projectos para preservar os vestígios arqueológicos pode fazer com que as obras se prolonguem para lá de Junho. "Por vezes a pressa é inimiga do património", constata Elísio Summavielle.Um dos projectos que será preciso alterar será o da EPAL. A empresa aproveitou as obras de saneamento para substituir um troço de 640 metros de uma conduta de água entre o Terreiro do Paço e a Ribeira das Naus. Acontece que também aqui os arqueólogos depararam com vestígios que, embora menos espectaculares do que a escadaria, entendem ser igualmente de preservar. Trata-se de um antigo muro de contenção da margem do rio, que se prolonga por cerca de 20 metros. Irá permanecer enterrado, tendo o Igespar dito à EPAL que desviasse a conduta pelo menos 20 centímetros do vestígio arqueológico.
No caminho da conduta
Com as devidas adaptações, baseado em texto de o Público.
Jorge Santos Silva
Na foto, escadaria agora descoberta junto ao torreão poente.
Esta semana depois de ter tido conhecimento do achado arqueológico, Elísio Summavielle responsável pelo IGESPAR desceu até à margem do Tejo acompanhado por arqueólogos, para perceber até que ponto a pressa da empreitada que está a fazer as obras de saneamento não tinha danificado irreversivelmente vestígios ali encontrados.
"Suspirámos de alívio", descreve o responsável pela arqueologia náutica e subaquática do instituto, Francisco Alves. "Apesar de terem avançado com as máquinas sobre os vestígios sem autorização da tutela, estes já haviam sido registados [por desenho e fotografia] pelos arqueólogos que acompanham a obra". Além disso, continuava de pé uma escadaria em pedra, velha de vários séculos, que apareceu defronte do torreão poente da Praça do Comércio. Um poderoso anel metálico cravado a meio dos degraus atesta uma das suas funções - a amarração de barcos.
A escadaria estava enterrada e ninguém sabia da sua existência até as obras em curso a resgatarem ao passado. Irá agora ser desmontada para abrir caminho à passagem da conduta do esgoto, mas mais tarde ficará à vista de toda a gente, já que será remontada no lugar onde apareceu. À primeira vista parece fazer parte da amurada do Cais das Colunas. Os arqueólogos garantem que não, que poderá ser da época dos Descobrimentos.Vandalismo ou não?
Quanto aos achados destruídos pelo empreiteiro sem autorização do Igespar - restos de um cais de pedra prolongado por pontões de madeira assentes em estacaria -, o especialista em arqueologia náutica e subaquática fala da sua raridade, embora admita que a sua preservação seria impossível, uma vez que inviabilizaria a obra em curso. "Se estivesse numa conversa de café, diria que aquilo que se passou foi vandalismo", observa.
Quanto aos achados destruídos pelo empreiteiro sem autorização do Igespar - restos de um cais de pedra prolongado por pontões de madeira assentes em estacaria -, o especialista em arqueologia náutica e subaquática fala da sua raridade, embora admita que a sua preservação seria impossível, uma vez que inviabilizaria a obra em curso. "Se estivesse numa conversa de café, diria que aquilo que se passou foi vandalismo", observa.
Depois de verem afluir ao local de cada vez mais arqueólogos entusiasmados, com máquinas fotográficas, os operários agiram: na quinta-feira cerca das 21h00 arrasaram tudo, ainda sem terem licença do Igespar para o fazer. Contido nas palavras, Elísio Summavielle fala em "precipitação" do empreiteiro. O PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar a empresa em causa, a Teixeira Duarte."Antes de haver autorização do instituto, não pode haver desmontagem e já chamei a atenção para esse facto, Felizmente não houve danos para o património", refere o mesmo responsável. Os arqueólogos chamam desmontagem à destruição de um vestígio quando ela é precedida do seu registo fotográfico ou desenhado. Summavielle e a sua equipa estiveram com o dono da obra, a empresa intermunicipal Simtejo, para que episódios como este, puníveis por lei, não se repitam. Para terça-feira está agendada uma reunião entre responsáveis da autarquia, do Igespar e das empresas envolvidas nas obras em curso na zona. Em cima da mesa estarão não só as questões relacionadas com a arqueologia como as dos prazos: o presidente da câmara, António Costa, prometeu que os transtornos que os trabalhos estão a criar aos automobilistas durariam quatro meses, mas a necessidade de alterar alguns projectos para preservar os vestígios arqueológicos pode fazer com que as obras se prolonguem para lá de Junho. "Por vezes a pressa é inimiga do património", constata Elísio Summavielle.Um dos projectos que será preciso alterar será o da EPAL. A empresa aproveitou as obras de saneamento para substituir um troço de 640 metros de uma conduta de água entre o Terreiro do Paço e a Ribeira das Naus. Acontece que também aqui os arqueólogos depararam com vestígios que, embora menos espectaculares do que a escadaria, entendem ser igualmente de preservar. Trata-se de um antigo muro de contenção da margem do rio, que se prolonga por cerca de 20 metros. Irá permanecer enterrado, tendo o Igespar dito à EPAL que desviasse a conduta pelo menos 20 centímetros do vestígio arqueológico.
No caminho da conduta
Ainda na zona da Ribeira das Naus foi encontrado uma segunda estrutura de pedra, perpendicular ao rio e provavelmente da época anterior ao terramoto de 1755. O Igespar admite que possa vir a ter de ser atravessada pela conduta da água.Muita da excitação dos arqueólogos com tudo o que estão a descobrir enterrado à beira-rio tem que ver com o facto de várias destas estruturas portuárias estarem representadas em antigos mapas e gravuras da cidade de Lisboa (ver imagem). Seriam imagens fiéis da metrópole portuária do século XVII? Ninguém sabia. Até hoje.
Com as devidas adaptações, baseado em texto de o Público.
Jorge Santos Silva
4 comentários:
A mais bela praça do país e das mais belas do mundo, merecia ter uma reconstrução total e condigna e uma utilização à altura dos seus pergaminhos.
Abraço.
Parabéns pelo seu trabalho.Cá venho eu com mais uma conversa da treta...No fundo o que vou dizer é só um desabafo, porque já cheguei à conclusão que só palavreado não resolve coisa alguma. As LEIS não são adequadas porque aqueles que as fazem ou são broncos ou são corruptos. O nosso POVO (em geral) nem tem instrução, nem tem educação (sensibilidade) para questões desta ordem (já sei que não têm culpa). As POLÍCIAS idem idem.Os EMPREITEIROS (assim como os POLÍTICOS)só pensam em meter dinheiro no bolso. Em resumo: estamos lixados e isto nunca terá soluçao. Deve ser o resultado da mistura de raças que veio aqui parar devido à localização e ao clima do nosso país: fenícios, gregos, cartagineses, romanos, visigodos, árabes, judeus, ciganos, lusitanos, celtas e sei lá que mais. Deu este resultado: vigaristas de meia tigela (chicos espertos) convencidos que somos uns grandes senhores. O resultado está à vista. Como quem não está bem, muda-se, se eu fosse mais novo mudava-me (e não fazia cá falta nenhuma).
Caro Raul Nobre
Obrigado pelo comentário. Saiba que não posso estar mais de acordo. Sobre esta e outras materias relacionadas com Lisboa recomendo-lhe tambem a leitura do blog http://cidadanialx.blogspot.com/
de que sou um dos colaboradores
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