Chamam-lhes fundamentalistas, velhos do Restelo, D. Quixotes. Escrevem diariamente num blog, lançam petições na Internet, dão entrevistas aos media e dizem só ter em comum o amor por Lisboa e a vontade de lutar por causas ligadas ao património, à mobilidade e ao ambiente.
Lutar contra moinhos de vento
Santos Silva descobriu por experiência própria a dificuldade que os cidadãos têm em ser ouvidos. “Moro num prédio na Alameda D. Afonso Henriques, que é propriedade do Ministério da Saúde, e ameaça ruir”, conta acrescentando que “foi só depois de ter chamado os jornais e as televisões que o assunto começou a ser resolvido”.
De resto, uma das maiores armas deste movimento de cidadãos tem sido a denuncia na comunicação social. “Sempre que enviamos cartas para as autoridades, ficamos sem resposta”, lamenta Paulo Ferrero, que vê nos media a única forma de “consciencializar as pessoas”.
Mas, em ano de autárquicas, Ferrero sabe que vai ter uma atenção redobrada por parte dos partidos. “Todos os anos lhes enviamos um dossiê com alguns dos assuntos que achamos mais importantes”, relata, sabendo que a história se repete a cada eleição: “A maioria nem responde e os que respondem acabam por se esquecer”.
“É por isso que cada um tem o seu partidoe isso não interfere no movimento”, comenta Jorge Santos Silva, que acredita que, “seja qual for a força politica que esteja na Câmara de Lisboa , haverá sempre problemas”.
Paulo Ferrero reconhece que a guerra que trava nunca vai ter fim: “Ganhamos umas batalhas, perdemos outras. Mas há sempre lutas novas”